quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

de madrugada

não lhe rendeu nada para que você enxague
nem o que você pulsa ao luar terá a limpeza
fiz de teu corpo o solo em que verte sangue
minha profunda, profana e sombria tristeza

adeus então! meu. caro. coronel! seu merda!
Neste conto o assassino limpa a faca no véu
Sabendo que dali tinha que achar uma saída
No mato, cercado, encontrou Astreia no céu

A solidão traz palavras de consolo a quem é
Enquanto quem quer que seja, pode renovar
Estamos a merce do ode a felicidade e da fé
Reina em meu templo o desespero de cravar

salvarei a tua vida! saiba disso! meu amigo!
não deixarei cair em outra garra, tem a mim
A corrida o levava para longe de seu abrigo
Aproveitou e limpou a garra no vasto capim

lhe dou a saída da nova liberdade que existe
recolho da morte certa e obliqua já destinada
venha comigo, seja testemunha sobrevivente
Dado o convite, leia ao contrário da iniciada

terça-feira, 18 de agosto de 2015

De cara nego o livro

Ele que já não acreditava em humanos
fechou o coração e cara por muitos anos
Até o momento em que teve de voltar
O começo ou recomeço era de o irritar

Cada pessoa, uma ideia estúpida tinha
Ele ficava calado vendo passar na linha
Ali havia uma tamanha ignorância
"Onde estão os intelectuais? A inteligência?"

A roda parecia alternar entre o fútil e o inútil
"Eu sai da caverna para isto? Sou um réptil?"
"Seria eu tão boçal para não entender de cara?"
"Seria este o livro que a ideia democratizara?"

"Há prudência em negar o avanço dos ratos?"
"Que para aplicar suas visões, roem os fatos."
"Não me conecto nesta humanidade que de vir."
"São apenas virtuais e não virtuosos a devir!"

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Trancando-me em seus vazios

Os dias vêm com tranquilidade.
Trancando-me em seus vazios.
Vaza minha dor de realidade.
Realmente cortamos os lírios?

Grave como gravar a ausência!
Ao zen se questiona a paz de si.
Decisão que nunca o pertencia!
Pertinência duvidosa para ti?

Os dias "só" estão acompanhados
Ah! Companheiros somos enganados!
Engajados por sonhos perdidos?

Perdi dos meus sensos o que voava?
Voa, vá! Busque aquilo que estava!

Esta, vá! Não esqueça o que ficava!

domingo, 12 de julho de 2015

clarifico-lhe

A clareza ainda a cega?
Eu lhe trago a lanterna!
Pois eu escondo a adaga
Sou a dança mais insana

Sou a dama sem saia
o tapa de luvas lunáticas
Sou aquilo que tu tanto vaia?
Aplausos das mãos ocas

As letras dançam em tua fala
As letras que projeta como bala
Fere a quem assiste  e quem cala

As pessoas vivem da tua dor?
As pessoas a quem fere o pudor?
Atinge a mim e ao teu amor?

sábado, 11 de julho de 2015

A faca cega

a faca cega que corta
atinge a carne que não a sua
para você que não acredita
a ponta torta é crua

o que desliza entre pele e carne
a faca de grosso cabo pesa
a agressão que surge de sua cerne
atinge uma parte do que despreza

o utilitarismo escolhe a quem
o canudo que apoia a lâmina
deve estripar para fazer o bem
o que aos meus não fere, a ti condena!

sábado, 20 de junho de 2015

A fotografia da louca

Quando a imaginação
Se forçava para se exteriorizar
entre as entranhas à estranhar
Ela quer ato, quer ação

Uma mulher que ao tentar
com sua câmera fotográfica
desejava capturar uma louca
sim! Uma mulher a surtar!

em sua busca fora a um parque
lá em um banco, uma boa conversa
entre uma mulher e sua tristeza
a foto seria tirada sem ser notada, um clique?

Mas como provar que ali estava a loucura?
Na imagem havia uma mulher de fato
porém era apenas uma moça num canto
Ela partiu para uma novíssima procura

A sua epopeia na veia encontrou uma outra
A outra que era moça, mas com estranheza
olhava para o céu com tanta clareza
que parecia abraçar o infinito que a fitava contra

Uma foto? outra bela mulher, porém o problema
Na imagem havia tamanha felicidade contida
Aquilo não era loucura, apenas alegria exacerbada
Então ao olhar ao lado solucionara seu drama

Olhando para seus olhos havia o puro desvaneio
Uma mulher que sua busca era muita loucura
Uma fotografa! Que coincidência aquilo era!
Ao olhar no espelho e ver que a câmera não viera!

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

sou negativo

Se o que me cabe aqui é mesmo pensar;
Apanhar da vida que às vezes não vivo;
Não tenho tantos motivos para expressar;
Que a vida se mostra injusta e eu sou negativo.
Quantas oportunidades eu já joguei no lixo;
Mas eu ainda banco o louco e saio rindo;
São desses caminhos tortuosos que eu me fixo;
A linha reta é uma ilusão de quem esta perdido.
Já que perdi a forma e o conteúdo sou o nada;
Que como muitos buscam refúgios em aparelhos;
Desconectando da realidade aqui tão sofrida;
vivendo em polegas apreendidas pelos olhos.
Viver é mesmo para os fortes e perturbados;
Alienados de suas fantasias, produzem o pão;
para que todo o resto lhes sejam sugados;
tudo sempre esta certo dependendo da visão.